sexta-feira, 11 de novembro de 2016

COHAB City

Vamos falar sério, a cohab não  era apenas um bêco, um lugarejo, um cantinho perdido no Rocio Grande... a cohab era nossa cidade, nosso país, nosso mundoooooo do tamanho dos nossos sonhos de infância.

Tínhamos as nossas próprias leis, nossas próprias regras, nossos limites, que íam da escola ao riozinho. Era proibido o asfalto! O barreiro, como chamávamos, era nosso campo de guerra, campo de volei, campo de futebol, campo de ideias...
E o Centro Comunitário? Era o nosso lugar de festas de Natal, de Páscoa, de dia das Crianças, de casamentos, de aniversários, de bodas, de bailinhos ou dancinhas... Todos íam, os convidados e os penetras!! Porque fazer festa lá, era ter garantia da presença dos penetras, que nunca eram os mesmos. Havia um rodízio acordado!
O Centro Comunitário, era ponto de encontro, ponto de bate-papo, de treinos, de ensaios, de aulas de datilografia, judô, karatê, capoeira, artesanato, de violão e claro, o ponto do ônibus!!!

A av. das Rosas, onde meus pais moram até hoje, era o lugar  de encantamentos. Lá promovíamos desfiles globais (eu era sempre a Xuxa ou alguma Paquita); também bricávamos de caçar tesouros no mangue (minúsculos caranguejos); os portões e muros de nossas casas, eram um campo de volei ou uma trave de futebol; as casas sem calçadas, serviam para perfeitas partidas de peca, sempre veras!

E o Claurinice, que para os íntimos era CVC. Na escola não éramos amigos, éramos uma gangue do bem! No vôlei feminino não tinha pra ninguém, desculpa aí, mas era só medalha de ouro, do ginásio, antiga 5°Série à  8°Serie, com a Prof° Maria Célia, depois com o Marcelo Cebola, o Piá e no ensino médio, jogando por São Chico, com o Prof° Clevis. Dias de luta, dias de glória!
O CVC era mais que uma escola, era a extensão da nossa casa. Lá a gente saboreava as iguarias da Lete (Patrimônio do CVC), fazíamos pesquisas para os trabalhos e jogávamos vôlei, antes da aula, na Ed. Física, no recreio, no fim da aula e nos finais de semana. Eu não via uma escola, eu avistava um imenso ginásio de esportes.

Mas fazíamos boas ações também, porque nem só de brincadeira sobrevive uma criança. E como qualquer criança, a gente queria ser adulto. Pra isso, tínhamos que fazer coisas que só os adultos faziam, mas em suas casas. E nós queríamos sempre ir além deles... Então, plantávamos gramas e flores na frente das casas que não tinham jardins; alimentávamos os cães abandonados; e inutilmente, tentávamos caçar passarinhos, para comê-los!! Nós, meninas, nunca conseguíamos tal proeza. Hoje, dou graças a Deus, porque imagino que comer passarinho, é como se tivesse comendo anjo... Que mal eles fazem a nós? Mas criança não pensa na maldade em si. Ainda bem! Pois, acredito que o pecado maior está em planejar a maldade e não somente no ato em si. O ato é apenas uma consequência...

A cohab era nosso mundo de faz de conta. Era terra de ninguém e todos ao mesmo tempo e o tempo todo!!! Bons tempos de uma infância que mora dentro de nós para todo o sempre! Amém!!!

Lilian Flores

P.s.: Eu de blusa azul do Mickey e arco rosa e minha irmã, Katiuscia Flores, que não é gêmea, está com a mesma roupa, ao meu lado, só mais baixa e mais nova!! Rsrsrsrsrs

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