terça-feira, 30 de setembro de 2014

EU TAMBÉM FIQUEI BEGE...


Hoje eu também fiquei bege, Profª Marília. Bege com a fluidez da leitura do palestrante japonês. Bege com a quantidade de slides intermináveis. Bege também com a quantidade de professores presentes a tarde toda, firmes e fortes...ou quase firmes e quase fortes! Como quem me conhece, sabe que eu sempre gosto de fazer algum curso, de preferência um bom curso. Mas, como não se consegue prever se é bom ou não, a gente acredita e comparece, levando no peito a esperança de encontrar respostas. E acredito que eu não seja a única que pense assim...

Mas como disse na última crônica, a respeito do outro curso, a gente sempre consegue tirar algo de bom num encontro como esse, como por exemplo encontrar amigos e rir da vida; das gafes de uma certa professora de português bocuda; das leis que o Romeu citou e que não são cumpridas em sua completude e seria utopia, pensar que um dia se cumprirão; da mudança dos nomes com a intenção de diminuir preconceitos, mas que no fritar dos ovos, o preconceito não está em si na palavra, mas no modo como elas são ditas. Palavras essas, que apesar do conceito diferente em que cada uma recebe hoje, como doença mental e deficiência intelectual que são "quase" sinônimas. Claro, quase...mas não são!

Enfim, depois de quase tonta com o recital de leis, teve algo que me deixou mais bege hoje. Foi saber que uma grande amiga de trabalho, foi insultada e humilhada em um "conselho de classe" e que fique claro aos navegantes, não foi na minha escola. Óbvio!

Como óbvio? Simples, primeiro porque minha diretora é educadíssima, fina, culta, inteligente e uma pessoa inteligente sabe que tal atitude é um tiro no pé!

Mas fiquei ainda mais bege, ao saber que ninguém se levantou para defende-la! E até imagino porque não fizeram. Talvez porque a agressora esteja em uma situação de liderança e por estar em uma situação de "destaque", provoque aquela sensação de: se eu falar, quem vai se ferrar? Mas que medo é esse que faz as pessoas ficarem mudas? Será o privilégio de sair uns 15 minutos mais cedo? Ou receber aquela falta justificada sem o devido atestado, para ganhar o prêmio assiduidade no final do ano? Ou  será que será, como diz o grande Chico Buarque? Não sei! Mas imagino que tenham muitos outros serás!!!!

Depois, fiquei bege com a afirmativa da prof.ª Marília, ao indagar o Romeu sem Julieta, dizendo que tudo o que estava se falando, era fora da realidade atual. Nesse momento, ela foi aplaudida por mim e por todos os professores conscientes da realidade do dia-a-dia da sala de aula; na certa, esse foi o momento clímax dessa tarde nublada. E que venham outras tardes e manhãs nubladas ou ensolaradas com cursos bons ou ruins, porque sempre se extrai favo do mel, ou fel do favo, ou mel do fel, ou um favo d'mel!

E o desfecho final? Esse foi tão bom quanto o clímax... O Romeu, quando disse que não podia perder o avião com destino à Julieta... nossa! Realmente foi o auge! Shakespeare na tumba aplaudiu em cinzas, e toda a sua plateia de literatos e pseudos-literatos, no cine teatro X de Novembro, tudo junto e misturado, aclamaram o fim da tarde...sem lágrimas, sem dor e sem cicuta. Graças a Deus!

Lilian Flores

www.contoscontidos.blogspot.com.br

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Ensinar, ensinar a ensinar+aprender, aprender a aprender...

Hoje, há quase 9 meses do ano letivo, a Secretaria de Educação pariu um curso, para capacitação dos professores do Ensino Fundamental II. O curso nasceu, esperamos que o bebê cresça. Não vou dizer que foi uma experiência ruim, porque aprendi algumas coisas que eu não sabia, no entanto, não foi a 8ª maravilha do mundo!

Pelo menos desta vez, o professor tinha experiência de sala de aula em escola pública. Não é aqueles cursos que você sai levitando e supermotivado, com milhões de ideias novas... como aconteceu comigo com a Roberta, Andréia, Geane, tantas outras professoras que estavam lá no PROLER, curso promovido pela Univille, na segunda feira passada. Onde todos os mestres Contadores, Escritores, Pensadores e (en)cantadores de Histórias nos encantaram e nos convidaram ao encantamento. Pois, acredita-se que o aprendizado acontece, quando nos sentimos encantados pelo professor que transmite o conteúdo, de uma forma encantadora.

Por outro lado, ele foi honesto: não fez carinha de melhor professor do planeta terra, nem tão pouco comprou os nossos apelos saudosistas. E foi bem claro: o curso é para o professor e não para o aluno! Contudo, porém, todavia... nas entrelinhas, o discurso é sempre o mesmo: NÓS SOMOS OS SALVADORES DA PÁTRIA E TAMBÉM OS CULPADOS PELAS MAZELAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.

De tudo o que foi compartilhado hoje, além das informações que eu desconhecia, em que nossos alunos precisam ler 90 palavras por minuto, algumas técnicas de concentração e os modelos de registro do conteúdo aprendido, afim de aumentar a nota da Prova Brasil e ENEM, e claro, para melhorar o nosso IDEB. O que ficou na minha MEMÓRIA AFETIVA, é a frase de que devemos, "Ensinar, ensinar, a ensinar e aprender, aprender e a aprender", além do sotaque mineiro do professor palestrante.

Parece uma frase óbvia e comum, mas não é! Pelo menos não pra mim. A repetição do verbo ensinar, ela provoca uma inquietação no sentido de NÃO DESISTIR e nos convida a desafiar nossos alunos a serem professores também (ENSINAR, ENSINAR A ENSINAR). Ensiná-los a ensinar.

Já a repetição do verbo aprender, é ainda mais desafiadora, pois ela nos coloca no lugar de ALUNO pra sempre! E também nos convida a mudar, ou seja, a estarmos atentos aos aprendizados corriqueiros e também aos complexos.(APRENDER, APRENDER, A APRENDER)

Apesar do curso em suas entrelinhas cair naquele discurso comum, ele trouxe práticas pedagógicas ou "metade da receita", como o Prof. Gustavo afirmou, e também princípios matemáticos, para "medir o aprendizado", entre outras meias-receitas.

Depois do curso, a caminho da creche para buscar minha filha, fiquei confabulando com o volante do meu carro: ENEM e PROVA BRASIL são os norteadores e termômetros para medir aprendizagem? Pelo jeito sim...

RESUMO DA ÓPERA: SOMOS TODOS NÚMEROS! O aluno é o consumidor, o aprendizado um produto na prateleira, a escola a loja de conveniências e nós professores? Um balconista, um atravessador, um contrabandista, um atacadista, um sacoleiro, um camelô...


Lilian Flores

www.contoscontidos.blogspot.com.br




segunda-feira, 8 de setembro de 2014

COXINHA COM MAIONESE E COCA-COLA: SERVIDO?

Eu bem que queria ser COXINHA, mas falta-me CORAGEM!!!!! Pra ser COXINHA DE VERDADE precisa de muita coragem... Coragem pra fazer sempre cara de paisagem. Coragem pra dizer sempre sim ou quem sabe? Coragem pra vc colocar a MÁSCARA de COXINHA. Coragem pra ser quem vc não é!

Falo isso de cadeira, porque já fui uma COXINHA! Aliás, durante todo o meu estágio probatório, eu confesso que fui COXINHA. Mas agora, graças ao fim desses intermináveis 3 anos, totalmente alforriada; agora eu estou livre dessa GORDURA TRANS que cercava minha alma... (risos)

Mas quem é COXINHA? Vixe tá cheio de gente assim... o pior é que como já fui COXINHA, conheço de ponta-a-ponta a cartilha de uma COXINHA. Ou seja, farejo COXINHAS a km de distância.

A questão não é vc ESTAR COXINHA é vc SER COXINHA!!! Aquele tipinho, que vem e bate nas costas da gente, elogiando nossa atuação e nossa capacidade de dizer o que pensamos. Mas, só faz isso, nada além disso.

Acreditem, eu gosto de perder o meu tempo aqui no computador, somente para ler, ESCREVER CRÔNICAS quando se fazem muito necessárias, até hoje, acho que escrevi umas 6 ou 7, assistir vídeos que eu julgo interessante e curtir os comentários e debater assuntos que não posso deixar passar desapercebidos. Antigamente eu curtia Orkut, MSN, Badoo, fóruns, fuçar blog's... Mas a falta de tempo e a idade, vai nos fazendo ser cada vez mais seletivos.

Os COXINHAS são os que estão por dentro de tudo, eles ficam sabendo de coisas que estão no pré-pensamento, eu desconfio! Eles é que me atualizam das notícias, das quais morrem de medo de opinar.

Por que ser tão medíocre? E eles dão as desculpas mais esfarrapadas possíveis pela sua atuação apolítica: "Adorei a sua crônica, queria tanto escrever como vc escreve, mas eu não comentei nada porque não gosto de me envolver em discussões em facebook" ou tipo assim: "gostei do que vc escreveu, mas meu facebook é só para postar coisas da família... ou, "eu não tenho facebook, mas li o que vc escreveu pelo face do meu filho"...e por ai vão as desculpas. Alguns são bem cara de pau mesmo: "eu não curti porque estou em cargo, sabe como é?"

Eu fico pensando com os meus botões: há uma DITADURA do que vc pode curtir, do que vc pode escrever, do que vc pode dizer???? Ou seja, HÁ PESSOAS que não são livres? HÁ pessoas que trabalham apenas por causa da bonificação acima do salário e outras apenas pelo salário? HÁ PESSOAS que são apenas números e sentem prazer em ser apenas UM NR? HÁ PESSOAS que só querem o cargo e nada mais além das pompas e o orgulho que ele proporciona? Sinceramente, desconfio que estejamos vivendo em um Estado Laico e Democrático! São todos FANTOCHES? E eu sou fantoche dos COXINHAS, então?

Com todo orgulho posso afirmar que não sou FANTOCHE! Mas se eu tivesse que escolher de quem eu queria ser fantoche, claro que eu escolheria dos COXINHAS. Simplesmente, porque eu sempre vou me compadecer dos menos favorecidos intelectualmente, financeiramente, socialmente...; também porque ser COXINHA é um estado passageiro eu acredito, pois como disse: já fui COXINHA em meu passado não muito distante; e o principal de eu preferir eles, é devido a sua ingenuidade que beira a comicidade e ao drama ao mesmo tempo.

Enfim, que gestão é essa que ainda se enquadra nos padrões da velha-política? Seria medo de atuar, discutir, refletir práticas e ações que estão em desacordo com a população, que se manifesta nos meios de comunicação modernos? Por medo de não saber o que dizer e assim atacam tentando fazer terrorismo com os mais frágeis?

Ainda não vos disseram que o "poder" é EFÊMERO? Que o poder apesar de sua aparência de FORTE, é um cristal que pode ser quebrado DIARIAMENTE. Mas ele pode voltar ao fogo e se tornar uma NOVA TAÇA. Não precisa ter medo da queda, dos cacos, do fogo... O importante é se deixar ser TAÇA novamente, transparente, mas que anseia por um VINHO tinto seco. O poder tem seus PRÓS, mas também tem seus CONTRAS. Tem gente que só quer os PRÓS, mas só existe o PODER e ele só é legitimado quando se tem OPOSIÇÃO.

Mas eu só escrevi tudo isso, porque um certo COXINHA, veio me dizer na semana anterior, por isso que digo que os COXINHAS leem atrás do pensamento, que o VALE ALIMENTAÇÃO será diminuído e agora se tornará um VALE COXINHA, como haviam apelidado no passado.

Oras, posso dizer que acho JUSTO diminuir o valor para aqueles que trabalham menos horas (6h) e que tem o privilégio de poderem economizar e almoçarem em suas casas. Eu não posso, compro marmita ou trago comida para almoçar na escola. É justo um trabalhar 40h e o outro 20h e ambos receberem o mesmo valor em vale-alimentação? Sei lá, não sou juíza, se alguém achar que está sendo lesado, advogados, fóruns, sindicatos...servem e ganham para isso: defender o seu direito.

O que não é honroso, é ficar reclamando pelos corredores da vida, colocar o UNIFORME DE COXINHA e fazer cara de paisagem. Se posicione, discuta, reflita, dialogue...é nesses fóruns de discussões que se encontram as melhores saídas para todos. Pois, a Prefeitura precisa cortar gastos e o servidor precisa comer, cada um vai defender o seu ponto de vista. O que não se pode fazer, é ficar alheio a assuntos tão importantes e que nesse caso não diz respeito a mim, mas manifesto-me pensando num todo. Apesar de achar justo a equiparação de horas trabalhadas, com o valor do vale-alimentação; por outro lado, vem a questão: mesmo eu trabalhando 20h ou trabalhando 40h o valor da marmita, buffet ou kg não diminui. O dono do restaurante não diz assim: "ah, coitado, agora recebeu diminuição de carga horária, está ganhando menos, vou te cobrar a metade também!" E aí?

Serve uma COXINHA COM MAIONESE E COCA-COLA?

Lilian Flores