terça-feira, 16 de dezembro de 2014

APROVAR OU REPROVAR? Eis a questão...


 Antes de me queimarem em praça pública, preciso gritar aos 4 cantos que sou contra a REPROVAÇÃO. Principalmente, a reprovação pela reprovação. Aquela que alguns professores sentem o prazer de fazer, simplesmente para vanglória ou como punição.

Mas antes de riscarem o fósforo, preciso confessar meus pecados pedagógicos... não todos, claro, porque senão, o ass...
unto em questão acabaria por aqui. Mas, dentre todos, necessito dizer que também já fui assim, em meu passado não muito distante! E posso afirmar por inexperiência própria, que os meus motivos eram apenas triviais. Ou seja, pelo simples prazer de estar no ranking dos professores que mais reprovavam. PARA QUÊ? Só para desejar ser a prof.ª malvada, por necessidade de autoafirmação, por birra, porque havia me "contaminado" com o mau-humor dos professores considerados elite branca!

É que a gente sai da faculdade com aquele vontade imensa de mudar o mundo, mas de repente você vem para o mundo real e percebe que as pessoas que estão ali, não querem mudar nada. Que o melhor é ficar reclamando pelos corredores, ou ao pé do ouvido para ninguém escutar, mas todo mundo ficar sabendo -, o chamado telefone sem fio! Quem atende? Sinal de ocupado, porque todos estão na linha!

Sabe por que sou contra a reprovação? Desde o dia que entrei na faculdade de Letras na Univille e inocentemente descobri, que eu não teria nunca mais na vida, aulas de matemática!!!! Porque na minha cabecinha de adolescente, eu teria todas as matérias que tinha no Ensino Médio. Quando a primeira semana se passou e recebi os horários das aulas e disciplinas e testifiquei que não veria mais números na minha frente (exceto a classe gramatical numerais, rsrsrs), eu me senti como uma criança, que acha um pote de doces escondido no armário.

E aqui estou eu, sobrevivendo há 10 anos sem matemática, física e química, que sempre foram as pedrinhas em minha conga azul marinho. Ninguém é bom em tudo. Não seremos nunca aprovado em tudo, mesmo sendo bons naquilo que fazemos.

Eu gosto de escrever. Escrever é minha transgressão maior. É a minha liberdade sucumbida nos gritos, sussurros e silêncios das minhas palavras. Mas há textos que não são aprovados pela maioria e há aqueles, que são reprovados pela minoria. E vice-versa!

Enfim, mas quando falo de Educação, não tem como eu não me remeter ao Claurinice Vieira Caldeira, porque foi lá que tudo começou. Lá foi minha base. Se escrevo sem medo e totalmente livre de mim mesma, é graças a esse passado bem passado. Lembro-me da minha primeira e última nota baixa, que foi na 2ª série do primário; um 4 em matemática com a prof.ª Ângela Lazalla, um doce de professora. A ela devo também a minha letra bonita, que me fazia escrever em seus cadernos de caligrafia. Obrigada, tia Ângela! Era assim que a chamávamos! Por causa desse 4, apanhei uma surra inesquecível! Obrigada, pai! Essa surra veio no momento certo!

Hoje o aluno tira nota 4, além de rir, amassa e joga no lixo. Mando-lhe no mesmo momento, busca-la no lixo e trazê-la assinada pelo responsável. Depois de 3 a 4 dias aparece a prova assassinada. Após uns burburinhos da turma, mais risinhos, conclui-se que a assinatura é falsa! Chama-se a mãe e a mesma promete uma lista de punições: sem celular, sem vídeo game, sem futebol, sem ajuntamento, sem ..., sem... Uma semana depois? (risos)

Como diziam os antigos: "tem gente que não vai e não se ajuda!"

No frigir dos ovos, a culpa é sempre do professor! Primeiro, somos pagos para ensinar. Fato! Mas se o aluno não aprendeu, ou seja, REPROVOU, a culpa é de quem ensina ou de quem não aprendeu? Ou melhor, ou pior, de quem não quis aprender? Mas não quis aprender por quê? Desmotivação é a bola da vez! Desmotivado por que a aula não é show? Desmotivado por que o/a professor(a) não é show? Desmotivado por que tudo é desmotivador(a)? Mas o que é uma aula show? O que é ser desmotivador?

Eu não sei... e não saber me liberta para poder escrever. Não saber das coisas é meu pecado. Não ter as respostas, é provar do mel que escorre das palavras.

Lilian Flores

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Leo versus Narciso


Hoje faleceu meu aluno, Leonardo, que era carinhosamente chamado pelos colegas de sala e professores, de Leo.
Estou triste com meus olhos e coração em lágrimas ao lembrar de todos os momentos que passamos juntos como turma, em sala de aula, mas também pelo aluno que era nos corredores, sozinho, ou na quadra ou sentado no banco ao lado da sala dos professores.
Quando eu saía, ele vinha buscar minha bolsa e meu material pra levar até a sala de aula. E assim, íamos conversando até 7º I. Quando terminava a aula, era o primeiro a se levantar para levar meu material até a próxima turma. Um companheiro que fará muita falta...
Leo era também muito amoroso, na fila, lá vinha ele nos abraçar com seu bom dia! Sempre feliz!
Leo não era perfeito em suas faculdades mentais, mas eu pergunto: quem é perfeito? Pra mim, só Jesus foi, é e sempre será!!! Nós somos pó e ao pó voltaremos.
Teoricamente eu fui sua professora de língua portuguesa, mas Leo na prática é que foi nosso professor. Mesmo não dominando essa língua enrolada de Camões, ele se comunicava perfeitamente. Ele nos ensinou que ajudar o próximo faz bem pra alma; que abraçar é bom, alivia a saudade; que sorrir mesmo tendo mil motivos para chorar, disfarça as dores; que pedir desculpas é assumirmos que erramos com toda a humildade. Aliás, Leo pedia desculpas, sem nem ter errado, ele pedia por costume, por necessidade de ser aceito.
Pra mim você sempre será o anti-Narciso que interpretasse tão bem, em seus gestos comedidos, em nossa peça de teatro, Contos Contidos de Maria Lúcia Simões.
Obrigada Leo pelos seus abraços, por ter feito parte da minha vida. Você deixará saudades. A minha única alegria nesse momento de dor, é saber que você está em um lugar muitoooooo melhor.

Profª Lilian Flores
Lilian

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Leo versus Narciso

Hoje faleceu meu aluno, Leonardo, que era carinhosamente chamado pelos colegas de sala e professores, de Leo.
Estou triste com meus olhos e coração em lágrimas ao lembrar de todos os momentos que passamos juntos como turma, em sala de aula, mas também pelo aluno que era nos corredores, sozinho, ou na quadra ou sentado no banco ao lado da sala dos professores.
Quando eu saía, ele vinha buscar minha bolsa e meu material pra levar até a sala de aula. E assim, íamos conversando até 7º I. Quando terminava a aula, era o primeiro a se levantar para levar meu material até a próxima turma. Um companheiro que fará muita falta...
Leo era também muito amoroso, na fila, lá vinha ele nos abraçar com seu bom dia! Sempre feliz!
Leo não era perfeito em suas faculdades mentais, mas eu pergunto: quem é perfeito? Pra mim, só Jesus foi, é e sempre será!!! Nós somos pó e ao pó voltaremos.
Teoricamente eu fui sua professora de língua portuguesa, mas Leo na prática é que foi nosso professor. Mesmo não dominando essa língua enrolada de Camões, ele se comunicava perfeitamente. Ele nos ensinou que ajudar o próximo faz bem pra alma; que abraçar é bom, alivia a saudade; que sorrir mesmo tendo mil motivos para chorar, disfarça as dores; que pedir desculpas é assumirmos que erramos com toda a humildade. Aliás, Leo pedia desculpas, sem nem ter errado, ele pedia por costume, por necessidade de ser aceito.
Pra mim você sempre será o anti-Narciso que interpretasse tão bem, em seus gestos comedidos, em nossa peça de teatro, Contos Contidos de Maria Lúcia Simões.
Obrigada Leo pelos seus abraços, por ter feito parte da minha vida. Você deixará saudades. A minha única alegria nesse momento de dor, é saber que você está em um lugar muitoooooo melhor.

Lilian Flores

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

SALTO ALTO E CINTA-LIGA

Sei que não sou a filha perfeita, a mãe perfeita, a mulher perfeita, a amiga perfeita, a cristã perfeita e nem tão pouco, a professora perfeita...ufa! Tenho zzzilhões de defeitos, mas tenho certeza também, que minhas qualidades ficam bem além deles.
O que me irrita na IDUCAÇÃO, não são os ficam de braços cruzados vendo a banda passar; nem  os que fingem que não estão com os braços cruzados... Mas são àqueles que além de não fazerem nada por nada e por ninguém, ainda denigrem o trabalho alheio e da pior maneira possível, pelas costas. Só faço um desafio para aquele que fizer o que eu faço em sala de aula e nos projetos paralelos que coordeno (leitura, teatro e patrimônio), que faça o que eu faço, de SALTO ALTO E CINTA-LIGA, porque daí sim, tiro o meu chapéu!!!!
Por que tiro o meu chapéu? Simplesmente porque confesso que não consigo usar salto alto com a facilidade que algumas almas por aí conseguem. Como a maravilhosa, e poderosa, e chiquetosa minha amiga Elaine Cristina. E detalhe, ela não anda de salto, ela desfila, na maior perfeição!
Sou adepta das rasteirinhas, sapatilhas, plataformas (que quase não se usam mais), chinelos, tênis, pés descalços na areia, na grama, na madeira, no piso... Salto alto é só para grandes eventos, que quase nunca surgem, pra minha alegria!
E cá entre nós, cinta-liga é algo nada confortável também. Pra mim, ambos são enfeites desnecessários para o dia-a-dia. Perdem a graça e a beleza da surpresa, quando usados todos os dias e noites. Eu curto aquele olé que a galera da escola faz na sala dos professores, quando a prof.ª de Ed. Física (Jennifer, Sandra, Dalva) não veem de tênis em um dia de reunião etc... É mais ou menos esse efeito surpresa que estou falando. Capisco?
Caracas véio! Eu ralo pra dedéu. Minhas aulas atividades, são preenchidas em auditório, ensaiando peça teatral, ou cuidando da praça de leitura (catando tiririca, plantando, colhendo, selecionando livros, pintando pneus...) ou levando meus alunos para dar uma aula de patrimônio cultural no Museu do Mar, entre as atribuições paroquiais de corrigir, planejar, etc...
E aí vem certas JENTINHAS menosprezar e desmerecer o seu trabalho, dando de ombros, ou nem aí. E ainda tem aqueles que querem a cópia dos nossos projetos. Dizem que é para arquivo, será?
Aliás, será que o fazer educação é apenas para bonito? Para arquivo morto? Porque cá entre nós, em matéria de discurso tá cheio de gente dando palpites, opinando, sugerindo...mas meter a mão-na-massa...

Lilian Flores