quinta-feira, 23 de julho de 2015

POR QUE ESCREVO?

POR QUE ESCREVO?

Algumas PEÇOAS - PEÇONHENTAS que não curtem, nem comentam e muito menos compartilham minhas crônicas, vieram até mim nesses meses, após verem o Projeto Praça da Leitura destruído, totalmente na lona, perguntaram-me: POR QUE ESCREVO? A resposta pra mim, parece-me óbvia!

Escrevo, porque não posso gritar. Escrevo, porque a justiça é lenta demais pra minha ansiedade. Escrevo, porque simplesmente amo. Escrevo, porque escrevendo, suplicamos, delatamos, denunciamos às injustiças, coletivamente.

Sei lá, pra mim essa pergunta é o mesmo que perguntar: Por que você fala? Por que você pensa? Por que você come? Por que você dorme? Por que vc respira? Por que há tantos por quês?

Alguns acham que tenho "dom" de escrever. Talvez eu tenha! O que as pessoas chamam de "dom", eu chamo de LABUTA! Escrevi, corrigi, reescrevi muitos textos, desde minha tenra idade. Li também muitos livros, desde minha tenra idade. E esse casamento entre a leitura, a escrita e a CORAGEM, torna as minhas crônicas, não minhas apenas, mas de todos que curtem, comentam e compartilham, se apropriando permissivamente do meu discurso escrito, que passa a ser de todos que concordaram. Ou seja, do individual para o coletivo, ou do privado para o público!

Factualmente, todos que cursaram Letras, como eu cursei, aprenderam a escrever. Porque escrever é também técnica. E meu professor simbolizava isso com o desenho de um trem, onde cada vagão era um parágrafo, constituído de vários enunciados. Ou seja, de vários discursos. Se você frequentou Letras por 4 anos e saiu de lá sem saber escrever, devolva o diploma e peça seu dinheiro de volta! A questão não é saber escrever, a questão é ter CORAGEM pra escrever! CORAGEM para enfrentar os gigantes!

O saber escrever não é dádiva ou privilégio daqueles que cursaram Letras. O que seria do Advogado, Juiz, Promotor, Jornalista, o Político, Padre, Pastor, Sociólogo, Filósofo... entre outras profissões, que se sustentam pelos argumentos de seus discursos?

É claro que eu não precisaria escrever!!! É isso que, as "medrosas",  ou as "religiosas", ou as "hipócritas",  ou as "invejosas", ou "as diplomáticas" ou as "ditadoras"..., gostariam que eu as respondessem. Mas eu vos pergunto: o que fazer frente às injustiças????????????????  (PARECE ESTROFE DE FUNK da MC Anita)

Algumas PERSONAS acham que deveríamos fazer de conta que não enxergamos e nem ouvimos. "Morri, só esqueceram de me enterrar!" À lá Zeca Pagodinho, "deixa a vida me levar, vida leva eu..." rsrsrss Outras acham, que a oração é a solução, sendo que, o significado da palavra, é um convite à ação (orar+ação). Há aquelas que acham, que fingir o sorriso, apertar a mão e ficar elogiando a injustiça, é a garantia do seu sucesso e dane-se os injustiçados! E 90% ou mais, acreditam que a diferença e a solução de todos os problemas de sua vida profissional, amorosa, espiritual...virão dos "conselhos" das ZAMIGAS(OS)! Logo, o que eu faço, que é Escrever, é o maior dos ABSURDOS da humanidade!!!!! É preciso rir pra não chorar!

Mas eu quase que ia me esquecendo, o argumento das ditadoras: La justicia soy YO! E nessa aqui há ramificações, pois existem ditadoras-lutadoras, onde tudo se resolve no Vale-Tudo, no MMA ou UFC!  Há também a ditadora-praxista, aquela em que o promotor é seu vizinho; o advogado é seu pai; e o desembargador, joga futebol com seu marido... Com ela não há bate-papo; tudo se resolve no Fórum ou num cartório mais próximo de seu alcance, ARRIBA!!! E em 3º grau, há as ditadoras-Juízas, em que YO soy la sentencia! Eu faço, eu desfaço, eu aprovo, eu reprovo, eu..., eu.., eu! Nós? Quem é nós?

De todas, as que mais admiro, são as ditadoras, em seus três Graus de perplexidade! Bem, pelo menos fazem o que fazem e assumem o que fazem! Mesmo tendo sido atingida por uma ditadora em último grau na escala Richter kkkkkk, fez o que fez, empinou mais o nariz do que ele já é empinado, esticou a barriga e levantou o bumbum com seu salto 15cm... e nem aí pras consequências!  Das medrosas e religiosas, quase sinônimas, só me resta pena, porque se escondem atrás da placa de alguma igreja que já está anestesiada pelo comodismo, e pra essas há cura! Palavra de uma ex-medrosa! As que me causam náuseas, são as hipócritas, invejosas e diplomáticas, todas farinhas do mesmo saco. Impossível de serem separadas. Elas andam coladas e de mãos dadas; cada qual doando ou recebendo a sua porção faltante. Ou puxando o tapete uma da outra ou de alguém. Não necessariamente na mesma ordem. Ergth!

Enfim, é o fim, ver pessoas, professores, mestres, intelectuais, cristãos... anestesiados pelas injustiças. Se bobear, essas pessoas que são consideradas as mais sensíveis dentro desse termômetro social, na qual deveriam ser as primeiras se compadecerem... pelo contrário, são as primeiras a se calarem, a fecharem os olhos, e fazendo bem o contrário do que Jesus fez, são as primeiras, a pegarem a pedra para atirarem, usando como argumento: que fomos chamados para promover a paz mundial! Discurso de Jesus ou de Miss Brasil e EUA?

E eu com os meus botões e com os seus botões, fico imaginando a paz que Jesus promoveu quando quebrou todas as tendas de comércio em frente ao templo. Imagino o alvoroço quando Ele curou no sábado sagrado; quando Ele sem força e sem violência, apenas por seu discurso autêntico e amoroso, fez com que todos jogassem a pedra ao chão, ao invés de jogar na Mulher Adúltera. Queria imaginar as caras e bocas dos doutos da fé judaica daquela época, vendo Jesus almoçando, jantando, dormindo na casa dos mais corruptos homens daquela sociedade. Eu queria ter sido uma borboleta pra ter visto tudo isso... mas não fui, Graças a Deus!

Só há paz e mudança de postura, após a reflexão de ações! Em alguns casos é preciso expulsar, quebrar, derrubar as tendas de algumas ações errôneas pra que os mesmos reflitam e mudem. Em outros momentos, só um argumento plausível e que toca alma de todos, é o suficiente: "quem não tem pecado que atire a 1ª pedra!". Há também momentos de festa, de confraternização, comunhão... o fato de sentar ao lado, ouvir, perceber, sentir e não ser mais um para julgar que sua prática de vida precisa de mudanças drásticas, como se arrependeu Zaqueu, na noite que Jesus jantou com ele. Há tempo para todas as coisas. Só não podemos ficar indiferentes, apáticos, anestesiados, acostumados com as injustiças, com a fome, com a miséria, com o erro, com o pecado! Isso é também idolatria! Que Deus nos ajude a sermos a mudança em nós, para conseguirmos mudar as mazelas, que estão ao nosso redor! A começar por mim! Amém!

A propósito, eu poderia não escrever. Eu poderia pegar o projeto registrado em cartório, o álbum com todas as fotos da praça, comprovando o que foi feito e o que faltava fazer com as justificativas orçamentárias, reunir todos os parceiros (Ong OMUNGA, TESC, Todos os Materiais de Construção da cidade, Proprietários das Borracharias da Reta, alguns alunos que efetivamente colocaram a mão na massa, pais que trouxeram pneus nas costas, em seus carros, motos, nas bicicletas...), a Crônica "O Assassinato da Praça", escrita pelo meu amigo Rubens da Cunha e postada no Jornal A Notícia, e ir ao Ministério Público pedindo uma justificativa plausível (Não dengue, caramujo africano ou porque meus filhos corriam o risco de acidentes), à Secretaria de Obras para o que foi feito. Eu poderia ter feito tudo isso ao invés de escrever!

Por que não fiz? Talvez eu não seja tão corajosa como  julgam-me. Talvez eu tenha pena do homem Responsável pelas Obras que só recebeu ordens, mas que a bomba certamente arrebentaria em suas mãos. Talvez eu queria apenas que as pessoas pensassem não só no seu umbigo, mas também com o telhado do vizinho. Talvez eu pense demais, fale demais, escreva demais e aja de menos. Talvez é um não que deseja dizer sim! Talvez eu seja uma cadela que late, mas não morde!

 Lilian Flores