O
TEATRO MÁGICO COMEÇOU: CONSELHO DE CLASSE!!!!!!!
Antes
de começarem a atirar as pedras em mim, confesso que não sou a
melhor professora, muito menos a funcionária padrão ou professora
destaque do mês! Também está longe da minha vontade adquirir
quaisquer desses “títulos”. Até porque, o que é ser padrão? O
que é ser melhor? Para muitos, bajular chefias, dizer sempre sim;
concordar na frente e discordar por trás; dizer amém sem rezar o
pai nosso!
E
assim as máscaras vão se estabelecendo e de simples máscaras
tornam-se personagens reais. E aí já viu, no Grande Conselho de
Classe aparecem inúmeras personas;
desde
Madre Tereza de Calcutá até Freddy Krueger.
Mas
a grande questão não são os personagens que cada um se apropria na
hora H, mas os olhares de fuzilamento; as caras e bocas e
o “Soberano
Conselho”
ou Conselho Soberano” como preferir; sentenciando aprovações e
reprovações com as justificativas que vão desde “cuidado! A mãe
é barraqueira!” até “tadinho, ele é bonzinho”.
Enfim,
inicia-se a tragicomédia! Luz, câmera e ação.
Eu
sou contra a reprovação, mas também sou contra a aprovação
automática. Principalmente a aprovação automática que nem pra
exame o indivíduo vai. Pasmem!
O
pior é você descobrir que tem amigos de trabalho que passam os
alunos sem exame para não ter que fazer prova contemplando os
assuntos ministrados durante o ano letivo ou porque estão cansados e
não querem perder tempo corrigindo provas de alunos que dizem eles
que serão aprovados. E provavelmente serão mesmo. Não duvido! Se
continuarmos com essa postura despreocupada.
Afinal,
enquanto somente 3 a 5 professores deixam alunos em exames, outros
para justificar sua preguiça pedagógica, usam como muleta a
desculpa que serão aprovados indo ou não para exame. Claro
que tem alunos que não ficam em exame em disciplina nenhuma. Mas
temos o outro extremo, que são alunos “problema” como os
analfabetos que estão no
ginásio; os faltosos; os que
apresentam dificuldades de aprendizagem; os preguiçosos,
indisciplinados, entre outros rótulos.
Alunos
esses, que na minha humilde opinião, deveriam ficar de 5 a 9
disciplinas pelo menos. Para que no mínimo, ele e a família repensem sobre seu
comportamento, sua falta de interesse, seu
descompromisso e omissão.
Sou
novata no
magistério, tenho apenas 10 anos de experiência profissional, como
professora de Língua Portuguesa. Portanto,
posso dizer que sou uma
pré-adolescente nessa profissão tão desgastante e tão
gratificante ao mesmo tempo. Talvez
um dia eu me arrependa do que estou escrevendo agora. Mas caros
colegas, eu precisava...Não! Eu preciso por no papel minhas
angústias.
Angústias
essas, que não são apenas minhas, mas
de amigas(os) de trabalho que
estão nesse mesmo barco: com inúmeras provas de recuperação
paralela para corrigir e elaborando as provas para os exames finais.
E todos preocupados com os alunos e não com seus umbigos.
Pois
acreditem, tem professores
indignados porque alguns alunos
foram com notas muito baixas nos primeiros bimestres e por isso
querem mudar a nota para que o aluno seja aprovado automaticamente,
sem nem passar por exame.
O
pior é que não é a direção ou supervisão e orientação
escolar solicitando tal absurdo. São professores! Pasmem pela
segunda vez!
E
muitos desses professores são os primeiros a pegar o microfone nos
cines teatros da vida para falar de aprovação automática por parte
do sistema educacional,
completamente indignados.
Tem
professor que o espelho dele é nota 8 para todos, sem discriminação.
Parece até piada. Os próprios alunos se questionam e comentam nos
corredores e salas de aula
“Vê professora, eu fiz tudo ganhei 8 e o fulano que não fez nada, nem vem mais para a escola e
também ganhou 8, dá para entender? Que
doideira, todo mundo da sala ganhou 8”.
Claro
que nessa hora você faz cara de paisagem porque é anti ético
defendê-lo nesse momento, na qual você está a par da situação
completamente errônea, porém
também é antiético
denegri-lo. Mas eu fiquei pensando com os meus botões, dando aquele
sorriso amarelo... Mal sabe ele
que 8 foi a nota dada para todos os alunos da escola! Pasmem pela
terceira vez!. Isso é mágico!
Tudo
bem que o aluno vá passar depois, porque no fim das contas
conseguiram um laudo ou porque as madres Tereza's de Calcuta's
entraram em ação. Mas pelo menos ele foi para exame, fez prova com
várias disciplinas e não apenas com 2 ou 3.
É
tragicômico! Só quem está presente consegue entender a
complexidade que é avaliar um indivíduo. Não dá para ser 100%
racional e nem 100% emocional é 50% de cada, e encontrar esse
equilíbrio na hora do pega-pa-capa, não é tarefa fácil.
É
colocar na balança as habilidades cognitivas, linguísticas, motoras
entre outros pesos e medidas.
Nesse
momento, você enquanto professor se coloca no lugar do aluno, do pai e
da mãe e querendo ou não, acaba lembrando do seu tempo escolar. Do
quanto você era estudioso ou não; do quanto você era bagunceiro ou
não; do quanto você era rebelde ou não... e com profunda tristeza
você lembra dos seus amigos que pararam de estudar e se perderam no
caminho das drogas; mas com
alegria você também lembra daqueles que mesmo parando de estudar
encontraram uma profissão e estão vivendo dignamente e as vezes
melhor que você, no seu próprio negócio, feliz
e sem estudo acadêmico.
Porque a
escola é uma faca de dois gumes e ser professor é tentar pelo menos
saber usar a faca, afim de
separar
juntas de medulas e chegar
no coração para
dilacerá-lo, tentando achar nele terra fértil.
Lilian
Flores